Título: O Retrato de Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Editora: Martin Claret
Número de Páginas: 177
Ano de Publicação: 2009
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O filme é um ótimo exemplo da palavra “adaptação”.
A ideia básica da obra de Dorian Gray foi mantida, bem como alguns poucos trechos, cenas e diálogos da história. Porém, de um modo geral, o enredo ganhou cenas próprias e é bastante diferente do livro.
Para começo de conversa, o filme foi bem mais sombrio que o livro, isso porque têm cenas muito mais explícitas e dignas de um filme de terror (não no sentido de causar medo, mas sim repulsa) do que a leitura proporciona. Diria que essa é mais sutil em tudo, até mesmo para mostrar a corrupção de Dorian. Já o filme escancara as cenas e não tem pudor algum em apresentar o lado libertino e cruel do protagonista, mais subentendidos no livro do que realmente descritos.
Ainda, são três os fatores principais na versão de Oscar Wilde para corromperem Dorian: o quadro de Basil, a influência de Harry e um livro, presente de Harry para Dorian. Nas telas, entretanto, há uma leve modificação, a começar pelo livro, que nem ao menos existe no enredo. No que diz respeito ao quadro e à influência de Harry, eles são presentes na trama, contudo o papel de Harry me pareceu diferente. Enquanto no livro ela se mostrou muito mais uma influência mesmo, já que Dorian se encantou pela maneira de Harry enxergar o mundo e se deixou levar pelos princípios do amigo, no filme parece que há um interesse maior no homem em corromper o jovem. Achei-o muito mais cruel do que no livro, sendo que nesse ele apenas me pareceu hedônico e egoísta.
Por fim, a alteração mais significativa, em minha opinião, foi com relação ao papel do quadro em si nas duas versões. Não poderei entrar em detalhes para não soltar spoilers, mas diria que ocorrem modificações na pintura tanto no livro quanto no filme. A diferença está que, no livro, não há uma certeza de que elas realmente ocorram, uma vez que as vemos apenas pela visão de Dorian. Talvez ele seja o único que as enxergue, resultado de uma perturbação psicológica. Elas são subjetivas no livro. No filme, porém, elas são visíveis para qualquer pessoa e o motivo para que ocorram é realmente digno de um filme de terror, diminuindo em muito a carga reflexiva do papel da pintura. Diria que tal modificação ocorreu para dar um motivo mais palpável ao fato, já que, no livro, a história tem um cunho mais filosófico. Talvez isso não funcionasse bem para o filme.
Sobre os atores, diria que as escolhas foram excelentes. Não é de hoje que aprecio o talento de Colin Firth e vê-lo como Harry foi apenas mais um trabalho seu que me agradou, ele deixou bem claro a índole e os valores do personagem. Ben Barnes, no papel de Dorian Gray, também esteve excelente. É nítida a diferença do protagonista no início da história, dono de uma doce ingenuidade, que se transforma ao longo dos fatos. Ben Chaplin, no papel de Basil, foi o único que não me agradou muito. Achei que faltou transparecer a paixão e a alma de artista tão bem exprimidas no livro.
Muitas outras alterações ocorreram. Há personagens que aparecem no livro e não são mencionados no filme e vice-versa, além de muitos fatos ocorrerem de maneira diferente na adaptação. Diria que ela é uma boa pedida para os que gostam de filmes de terror, mas não se compara ao livro em termos reflexivos. Nesse ponto, arrisco a dizer que o filme perdeu um pouco da essência da obra de Wilde e, por isso, recomendo a leitura ainda mais do que recomendo o filme.
eu comecei a ver o filme e não era o dia certo e parei.. tenho que tentar ver de novo,já o livro me intriga mais , quem sabe um dia eu acebe lendo.