Scandi Crime é o nome dado ao subgênero de
thrillers escritos por autores escandinavos, cujo principal representante é, provavelmente, Stieg Larsson e sua trilogia
Millennium. Tal gênero ganhou destaque dentre os lançamentos da
Vertigo, novo selo do Grupo Autêntica, sendo que todos os livros pertencentes a esse subgênero terão a capa azul. O primeiro título
Scandi publicado pela editora foi
Meu Primeiro Assassinato, da finlandesa Leena Lehtolainen, primeiro volume da série protagonizada pela inspetora Maria Kallio.
Em sua primeira investigação, a inspetora precisa superar os obstáculos do preconceito gerado por sua pouca idade e por seu sexo, bem como as complicações surgidas do fato de ter conhecido tanto a vítima do assassinato quanto alguns dos possíveis suspeitos de terem-no cometido.
Em primeiro lugar, achei a protagonista um pouco controversa e, ao finalizar a leitura, não consegui decidir se isso foi um ponto positivo de sua construção ou se acabou por torná-la mais difícil de ser compreendida por mim e, consequentemente, fazendo com que eu me distanciasse da história. Em diversos momentos, Maria contrapõe o fato de ser uma mulher com suas atribuições masculinas. Em partes, tal característica é uma criação da própria personagem devido ao meio em que vive, precisando se aproximar de costumes e trejeitos masculinizados para ganhar o respeito em meio ao machismo de sua profissão. Contudo, ao mesmo tempo em que ela ressalta ter uma sensibilidade feminina dentre seus colegas de trabalho, também afirma sempre ter sido diferente de suas irmãs, como se ela fosse o “homem” dentre as filhas de seus pais. Dessa maneira, fiquei com a sensação de que sua personalidade dependia do meio para ser definida: masculina no meio familiar, feminina no meio de trabalho. Fora deles, seria Maria um meio termo entre eles ou um dentre esses dois papeis? Foi esse ponto de interrogação que me deixou igualmente confusa sobre ter gostado ou não dessa indefinição.
Sobre a escrita da autora, me pareceu bem próxima do coloquial, não sei se por um efeito da tradução ou por realmente se dar dessa forma no original. Embora isso tenha contribuído para que a leitura se desse de maneira rápida, acabou, também, por diminuir meu envolvimento com ela, uma vez que não me senti impactada pela escrita de Lehtolainen. Ao invés de me aproximar do enredo, fui me sentindo mais distante dele.
Por fim, o próprio caso e as personagens nele envolvidas também contribuíram para meu distanciamento. Fui acometida, desde os primeiros interrogatórios, por uma sensação de trivialidade, como se o crime em questão não tivesse a gravidade de um assassinato, mas sim de algo banal, de menores proporções. Por consequência, a trama me pareceu um pouco artificial e, também, um pouco imatura, já que não me passou a seriedade existente na morte de alguém.
Talvez a narrativa simplesmente não tenha funcionado para mim e isso acabou por influenciar minha experiência com a estreia de Maria Kallio como inspetora, mas finalizei a leitura com certa frustração. Como tenho consciência de minha leitura ter sido superficial, acredito que isso possa ter igualmente influenciado a minha impressão de o caso em si ter sido leviano.
De qualquer maneira, recomendo a leitura aos interessados nesse subgênero, bem como aos amantes de thrillers policiais como um todo, visto que minha experiência pode não ser a mesma da de outros leitores.
Eu amo livros desse gênero, a maioria dos livros que já comprei são pertencentes a ele.
Mas assassinato é realmente algo sério, que deve ser escrito de tal forma, caso não pareça algo “concreto” vai acabar passando uma impressão ruim sobre o próprio autor…