[Resenha] A Menina da Neve - Eowyn Ivey - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
10

nov
2015

[Resenha] A Menina da Neve – Eowyn Ivey

a-menina-da-neve-minha-vida-literariaTítulo: A Menina da Neve
Autor: Eowyn Ivey
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 352
Data de Publicação: 2015
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Alasca, 1920: Um lugar especialmente difícil para os recém-chegados Jack e Mabel. Sem filhos, eles estão se afastando um do outro cada vez mais ele, no duro trabalho da fazenda, ela, se perdendo na solidão e no desespero. Em um dos raros momentos juntos durante a primeira nevasca da temporada, eles fazem uma criança de neve. Na manhã seguinte, ela simplesmente desaparece.

Jack e Mabel avistam uma menina loira correndo por entre as árvores, mas a criança não é comum. Ela caça com uma raposa-vermelha ao lado e, de alguma forma, consegue sobreviver sozinha no rigoroso inverno do Alasca.

Enquanto o casal se esforça para entendê-la uma criança que poderia ter saído das páginas de um conto de fadas, eles começam a amá-la como se ela fosse filha deles. No entanto, nesse lugar bonito e sombrio, as coisas raramente são como aparentam ser, e o que aprendem sobre essa misteriosa menina vai transformar a vida de todos eles.

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Fantasia ou realidade? Fruto de um rigoroso inverno ou do frio que acomete a alma? A Menina da Neve, de Eowyn Ivey, foi finalista do Prêmio Pulitzer em 2013 e lançado recentemente no Brasil pela Editora Novo Conceito. Mesclando um toque de magia e contos de fada, traz a história de um casal tentando sobreviver não simplesmente às rigorosas condições de vida no Alasca durante a década de 1920, mas, principalmente, às desilusões de uma sofrida vida ao lado um do outro.

Mabel e Jack já estão em uma avançada idade. Mudaram-se para o Alasca em uma tentativa de fugirem da dolorosa realidade que se abateu sobre suas vidas após Mabel ter dado à luz a uma criança nascida morta, única esperança de filhos do casal. Contudo, mesmo tentando recomeçarem a vida em um novo lugar, alguns fantasmas são impossíveis de serem abandonados, e os dois se tornam, a cada dia, mais distantes um do outro, mais imersos em suas próprias dores e anseios, mais inaptos a lidarem com seus problemas: tornam-se desconhecidos vivendo lado a lado. Porém, tudo muda após Mabel e Jack viverem um raro momento de intimidade e proximidade, quando constroem uma menina feita de neve: no dia seguinte, ela sumiu, mas o casal passa a ver uma menina, de carne e osso, correndo entre as árvores, cada vez mais próxima e regular em suas visitas a eles. Aos poucos, a presença da menina vai possibilitando as mudanças em suas vidas, fazendo com que a chegada da neve seja, também, a chegada do amor e do calor em seus corações.

 

“Ela não se lembrava da última vez que ele tocara sua pele, e aquele pensamento doía como solidão em seu peito. Então ela viu alguns fios prateados em sua barba avermelhada. Quando eles apareceram? Ele também estava ficando grisalho? Os dois desaparecendo sem que nenhum notasse o outro.

página 13

 

A narrativa em terceira pessoa se alterna segundo as visões das personagens, sendo construída pela escrita totalmente sensível de Eowyn Ivey. Suas palavras carregam cores e sensações, impressões e sentimentos, aproximando o clima frio e castigante do cenário da história à própria realidade emocional inicialmente vivida pelo casal. Por dependerem da caça e da colheita para sobreviverem, foram muitos os momentos em que me senti aflita pelas descrições de mortes dos animais, que serviriam de alimento às personagens. Entretanto, as impressões mais marcantes dessas cenas, para mim, foram tanto o contraste das cores descritas – o branco da neve, o vermelho do sangue -, quanto a realidade impressa à historia nesses instantes. A sensibilidade da escrita da autora está não apenas em sua maneira de trabalhar as emoções das personagens e de retratá-las ao leitor, mas também em revelar toda a severidade da vida de Mabel e Jack, que, aos poucos, vai se tornando mais adaptável e acolhedora.

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A curiosidade pela origem da menina e a incerteza sobre sua realidade certamente foram um dos motivadores de minha leitura. Porém, aos poucos, fui muito mais atraída pela relação entre Mabel e Jack e de ambos com a menina do que pelo mistério em si que a envolve. A partir de determinado momento, não mais me importava entendê-lo, mas simplesmente acompanhar a história criada a partir de sua aparição. Me envolvi com as personagens, senti compaixão por suas histórias e adorei poder acompanhar o desenrolar de cada uma delas.

 

“A menina conhecia a floresta e seus atalhos. Ela encontrava comida e abrigo. Não era só disso que uma criança precisava? Mabel diria que não. Diria que a menina precisava de calor e afeto e de alguém para cuidar dela, mas Jack ficou imaginando se isso tinha ou não mais a ver com os desejos da mulher do que com as necessidades da criança.” 

página 105

 

Eowyn Ivey se baseou em diferentes contos na criação de A Menina da Neve, todos citados não apenas em seus agradecimentos, mas também por meio de quotes na apresentação de cada uma das três partes que dividem a história, bem como durante a própria trama, em um dos livros de contos de fadas de Mabel. Assim, o toque de fantasia que tempera a obra foi ainda mais intensificado por esse detalhe.

A Menina da Neve não foi uma obra capaz de me levar às lágrimas ou de me proporcionar um frenético virar de páginas; ao contrário, foi uma leitura delicada, ao mesmo tempo mágica e real, terna e melancólica, que retrata, acima de tudo, dificuldades às quais qualquer um de nós pode estar submetido durante nossas próprias vidas.

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16 Respostas para "[Resenha] A Menina da Neve – Eowyn Ivey"

Verônica Vieira - 10, novembro 2015 às (08:07)

Esse livro esta sendo muito falado, ainda não tinha visto nenhuma resenha, gostei da resenha, a capa é linda, e eu fiquei bem curiosa com a história.

Aciclea Vieira - 10, novembro 2015 às (10:05)

Aione,fiquei com muita vontade de ler essa obra,não somente por ter sido finalista do prêmio Pulitzer,mas por trazer uma mistura de contos de fada,magia,juntamente com a vida de um casal que no Alasca tentam não somente sobreviver no frio,mas também as desilusões de uma sofrida vida como a perda de um filho que nasceu morto.Quero muito acompanhar a trajetória de Mabel e Jack e descobrir o segredo de quem é realmente essa menina misteriosa e também assim como você, ver todos os detalhes dessa relação,seu cotidiano.Realmente morte de animais,cenas descritas causam muita aflição.Amei saber que se trata de uma leitura delicada,ao mesmo tempo mágica e real,que possui dificuldades as quais qualquer um de nós podemos estar submetidos diante da nossa própria vida.Mil beijinhos!!!

Jéssica Fernanda - 10, novembro 2015 às (10:32)

A Mar tbm falou sobre esse livro e é bom ter duas opiniões sobre ele! Tá na minha lista da Black, a estória parece ser bem interessante.

Leticia Golz - 10, novembro 2015 às (10:49)

Ai, Aione! Acho que sofreria com essas descrições das mortes dos animais também. Mas a narrativa da autora parece valer muito a pena pelo que você citou. O que me atraí nesse livro também é o mistério. Pelo menos você gostou bastante da construção dos personagens.
Pretendo ler este livro, mas ainda não sei quando (é muito livro! rs).

livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

Maria Luiza - 10, novembro 2015 às (15:17)

Acredito que de 1 a 5 sua nota seria mais ou menos 4 e meio, né? Acho que já é mais que suficiente para me despertar o interesse. E o mistério? O final é tipo UAL ou apenas legal?

http://somaisumapaginamae.blogspot.com.br

Aione Simões - 10, novembro 2015 às (20:53)

Oi Maria Luiza!
Como comentei na resenha, o que mais importa, de fato, na história, é a relação entre o casal.
Não há um momento de esclarecimento do mistério (até porque, se houvesse, a história perderia seu toque de magia). Se você for ler esperando ver essa resolução, você vai se decepcionar, porque não é esse o foco do livro!
Beijos!

Diane Ramos - 10, novembro 2015 às (16:44)

Oi …
Estava ansiosa para ler sua opinião a respeito desse livro !
Gostei do que li e acho que já vou entrar na saraiva para comprar rsrs
Beijos

rayane colomes - 10, novembro 2015 às (19:07)

esse livro tinha me chamado atençao pela capa e pelo nome.. porem ao ler a sinopse ou resenha dele nao fui me encantando e quando vc contou sobre as mortes dos animais menos ainda. acho que sofreria mto com essa leitura…

Crislane Barbosa - 10, novembro 2015 às (19:55)

Oi!
Esse é um livro que estou bem curiosa.
Esse mistério foi a primeira coisa que me chamou atenção, mas pelo jeito a história é muito mais que isso. Magico e sensível. Espero gostar.
Beijão!

Maria Alves - 10, novembro 2015 às (22:30)

Nossa fiquei curiosa com o desaparecimento da menina de neve que os protagonistas fizeram e com o surgimento dessa menina com a raposa se é real ou fruto da imaginação. Só lendo para saber rsrs.

Daiele - 11, novembro 2015 às (05:32)

Olá
Confesso que fiquei interessada pela leitura mas pelo que você disse da escrita da autora e não pela historia em si. Gosto de livros escritos com o coração e esse, me pareceu um deles. Acredito que independente do gênero da historia, ela deve ser escrita com prazer, isso torna a “pior” historia valer apena ser lida.
Já coloquei “A menina na neve” na minha listinha de desejados..

beijos

Isabella Paiva - 12, novembro 2015 às (18:35)

Oi Aione 🙂 Eu vi o livro pelas redes sociais da Novo Conceito logo quando ele estava em processo de lançamento. Me interessei pela capa, achei bonitinha e fofinha, mas a história me deixou com um pezinho atrás, não sei porque, mas não me agradou a ponto de ficar ansiosa pela leitura 🙁

Priscila Gonçalves - 13, novembro 2015 às (00:17)

Fiquei com muita vontade de ler esse livro, quando vi o marcador holográfico dele, e fui procurar saber sobre o livro, e fiquei fascinada pela estória. Quero muito conseguir ler, espero que em 2016 as minhas verbas melhorem.

Sara - 13, novembro 2015 às (16:20)

Ahhh, parece ser um livro fofo! Eu queria muito ler :B o marcador que a novo conceito fez ficou muito legal, né?

Luis Carlos - 13, novembro 2015 às (18:22)

Assim que esse livro foi lançado, eu me senti muito atraído por ele. Após ler a resenha do livro, que foi a primeira até agora, minha vontade de querer lê-lo só cresceu! Eu gostei bastante da história, principalmente por ter esse lado misterioso. Além disso, os personagens aparentam ser super bem construídos. Sem falar que a diagramação do livro está maravilhosa!

Rodrigo Zago - 11, dezembro 2015 às (12:04)

Deixei o link para a minha análise do mesmo livro. Tenho uma visão um pouco mais analítica e metódica do que a sua, até porque você parece estar falando de um gênero que você gosta muito, enquanto o livro caiu na minha mão mais por obra do acaso e da circunstância.
Concordo com relação ao ritmo, mas acho que o final foi bem coerente e pode levar muitos leitores às lágrimas – e confesso que fui um deles, ainda que de forma contida 🙂
Abs,

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