[Resenha] A Gente Dá Certo — Pedro Poeira - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
07

jan
2022

[Resenha] A Gente Dá Certo — Pedro Poeira

Vó Cecília sempre foi a pessoa favorita de Caetano. Eles vão a shows, viagens, e jogam cartas valendo dinheiro desde que ele era criança. Após o tradicional almoço de Natal em família, o primeiro depois da morte de seu avô, Caetano entreouve uma conversa de seus pais e tios planejando a mudança de sua avó para uma comunidade de idosos. Desolado, ele encontra a avó em meio às fotos, lembranças e cartas assinadas por Didi, com quem Dona Cecília confessa ter vivido um “amor de verão por muitos verões”. Disposto a encontrar o amor perdido da avó, Caetano organiza uma viagem até Ubatuba com seu melhor amigo Júlio. No caminho, Júlio começa a agir de maneira estranha, como se guardasse um segredo, e as coisas parecem mais confusas do que nunca. Recheado de drama familiar, conflitos entre melhores amigos e uma playlist para todas as ocasiões, A gente dá certo nos faz torcer pelo final feliz até a última página.

 

Ficha Técnica

Título: A Gente Dá Certo
Autor: Pedro Poeira
Editora: Nacional
Número de Páginas: 208
Ano de Publicação: 2021
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Resenha: A Gente Dá Certo

Lançado pela editora Nacional, A gente dá certo é o romance de estreia de Pedro Poeira, cuja escrita já tinha me ganhado com a novela Adivinha quem não voltou para casa?, publicada em eBook de maneira independente.

Vó Cecília é a pessoa de quem Caetano é mais próximo. Por isso, quando ele ouve seus pais e tios conversando sobre enviá-la para um asilo, fica desesperado. Ao descobrir em cartas antigas da avó que ela teve um grande amor antes de se casar, Caetano decide embarcar em uma road trip com o melhor amigo, Júlio, em busca dessa paixão perdida, ansiando juntá-los para que dona Cecília tenha companhia e possa continuar morando em sua própria casa.

A gente dá certo é daqueles livros para se ler de uma só vez. Além dele em si não ser extenso, a escrita de Pedro Poeira é deliciosa e capaz de nos envolver em poucos parágrafos. Narrado em primeira pessoa por Caetano, o texto traz tanto as inseguranças e preocupações do jovem em início de vida adulta quanto uma narrativa muito bem-humorada, recheada de passagens divertidas que me provocaram o riso.

Além da dinamicidade em si da escrita, Pedro Poeira acerta na construção dos personagens. Caetano é gordo, e os reflexos da gordofobia que sofre impactam sua vivência, trazendo um importante tema para o enredo — ainda que esse não seja o foco da obra. Além dessa representatividade muito importante, A gente dá certo também entrega o romance LGBT, sendo uma comédia romântica entre melhores amigos com direito a alguns dos melhores clichês do gênero. Não só Júlio é um personagem encantador pelo apoio incondicional que oferece a Caetano, a tensão romântica e sexual entre os dois é presente desde o início, proporcionando um romance com gostosos frios na barriga. Ainda, outra personagem de grande destaque é Vó Cecília. Que figura incrível! Dona de algumas das passagens mais engraçadas da trama, a idosa quebra várias imagens pré-concebidas de pessoas na terceira idade, fazendo com que o livro também seja importante ao retratar as paixões e a sexualidade em uma época da vida em que, normalmente, não se assume ser possível a existência de ambas.

Recheado de referências da cultura pop, especialmente musicais — inclusive, o livro é acompanhado de playlist para embalar a leitura —, A gente dá certo tem como tema a coragem de se entregar ao que se ama, sejam relações, crenças ou propósitos. Caetano se vê obrigado a lidar com as mudanças, sempre tão presentes ao longo da vida, e descobre que tudo fica mais fácil quando existe amor, seja por se acreditar no que se faz, seja pelo apoio recebido. Também, Pedro Poeira nos lembra de que nunca é tarde para ir atrás do que desejamos, ou mesmo recomeçar. A fonte de amor pode ser inesgotável em nossas vidas, desde que estejamos abertos a ela.

De modo geral, A gente dá certo me proporcionou uma leitura leve e muito prazerosa, que fiz em poucas horas. Ao terminar, senti saudades dos personagens e tive a impressão de ter vivido com eles as aventuras a que se submetem. Mais do que tudo, fechei a contracapa sem pesos no coração e disposta a me lembrar de “aceitar o incrível”, porque, por mais difícil de acreditar que possa ser, “às vezes [algo] só é muito bom mesmo”.





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