Título: Meninos, eu conto
Autor: Antônio Torres/Ilustrações: Maurício Veneza
Editora: Galera Junior
Número de Páginas: 80
Ano de Publicação: 2015
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O livro retrata um Brasil ainda atual, repleto de gente sim-ples e personagens inesquecíveis. Para os fãs de Auto da compadecida e outros clássicos. Os contos reunidos neste livro contam as dores do crescimento, os conflitos e os sonhos de adolescentes muito parecidos com o menino que o próprio Antônio Torres foi um dia, quando morava no interior da Bahia, na cidade de Junco.
Meninos, eu conto é um livro infanto-juvenil composto por três contos, cada um deles compõe histórias diferentes e tem como personagens centrais sempre um garoto. As histórias se passam no mundo rural onde cada um dos meninos divide seu tempo entre a escola e a roça ajudando os pais.
O livro foi escrito por Antônio Torres, nascido num povoado chamado Junco, no sertão da Bahia e, de acordo com suas próprias palavras, estas histórias são de outra época, mesmo que ele ainda compartilhe os sonhos, os sentimentos e os conflitos desses meninos.” “Um dia eles e eu já fomos as mesmas pessoas: até hoje me sinto como se fosse um deles”. O livro possui ilustrações muito bacanas que nos transportam para os locais em que se passam as histórias. Feitas pelo Maurício Veneza, nascido em Niterói, que desenha desde a infância e hoje, como ilustrador, já ultrapassou a marca dos 120 livros publicados por diversas editoras.
É com essa dupla que temos a composição de um livro bonito, reflexivo e muito singelo. De antemão, indico para todas as idades e para todos aqueles que valorizam o encanto das histórias infantis e infanto-juvenis; sem dúvidas, esse tipo de livro nos faz sair da leitura com uma leveza impagável.
O primeiro conto, intitulado de “Segundo Nego de Roseno”, mostra a vida de um menino que mora em um povoado muito humilde e que ajuda seu pai na roça. No lugar não há muito que se fazer além das missas que acontecem esporadicamente. O conto é bem curto, mas há um ocorrido que o torna uma lição de vida, nos levando a refletir sobre o valor de pequenas coisas, principalmente em tal contexto.
O segundo conto se chama “Por um pé de feijão”. Aqui outro menino discorre sobre a alegria da colheita junto à sua família e o grande significado que tem para as famílias rurais colher o que se plantou e trabalhou com tanto afinco. Embora uma tragédia proporcione a essa pequena história o seu real sentido, é com ela que percebemos a esperança por dias melhores e a força do homem do campo. Nesse conto, como nos outros, encontramos palavras e expressões regionais que dão toda uma graça as histórias, principalmente se contadas despretensiosamente por uma criança como esse trecho: “Corri até ficar com as tripas saindo pela boca, a língua parecendo que ia se arrastar pelo chão”. Pg.31
O terceiro e último conto, é também o mais longo em relação aos outros, porém, assim como os anteriores, carrega a leveza e inocência das crianças que dão o tom da narrativa. Este se chama “O dia de São Nunca”, e discorre sobre um garoto , filho de pai alcoólatra que, estando sozinho, acaba abrindo a porta da sua casa para três desconhecidos vindos de longe e que não pertenciam àquele lugar.
Sua mãe trabalha na roça e é rezadeira, e esta última função desconhecida pelos forasteiros é sabiamente descrita pelo esperto garoto: “O menino explicava- que gente que vive rezando é gente rezadeira. Mas uma rezadeira é outra coisa […] ela chegava na casa do doente, pedia uma tigela com água, molhava a arruda na água e ia rezando e balançando os galhos de arruda em torno do corpo do moribundo. Se no fim da reza os galhos estivessem murchos, era sinal de que o doente ia melhorar, sua doença era mau-olhado mesmo e estava passado do freguês para as folhas da arruda. ” Pg. 52
Nessa última história, várias questões são levantadas, como o modo como esses estranhos abordam a criança e reafirmam o quão primitivo é o lugar e o modo como ele vive, além de menosprezar suas crenças, enquanto, em sua inocência, o garoto aprecia a visita de pessoas tão interessantes em sua casa. Aqui, o autor nos instiga a refletir sobre vários aspectos referentes ao caráter das pessoas, dentre outras coisas que nos faz ter uma faísca de esperança que gira em torno da criança em questão.
Todos os contos trazem naturalmente características, expressões e costumes referentes ao universo rural e a uma vida simples, sem tecnologias e sem nenhum tipo de luxo. Cada um dos contos possui um sentido muito palpável, a meu ver, que é de mostrar uma realidade tão comum para alguns e extremamente desconhecida para outros. Foi muito fácil me envolver com todos os contos, que são curtos, possuem uma linguagem muito acessível e diálogos muito bem dispostos. Achei muito válidas as reflexões levantadas e terminei o livro com uma sensação muito boa, que me leva a acreditar que as narrativas mais simples muitas vezes são aquelas que nos deixam os mais belos significados.
Oi Clivia..
O primeiro conto parece ser vem encantador. Ainda nem conhecia o livro, mas gostei de saber. Gosto de infanto-juvenis, apesar de ler pouco. E depende também da forma que é desenvolvido.
O autor deve pegar em um ponto crucial para todos os públicos mesmo, e todo livro com uma boa reflexão é válido. Adorei a dica.
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