Cada vez mais, nos deparamos com mais coisas para fazer e em tempos mais limitados. São poucas as ocasiões em que podemos nos dar o luxo de sentarmos e fazermos algo com calma, sem pressa, aproveitando cada momento. Ainda, o estilo de vida e as facilidades da internet só contribuem ainda mais com a constante correria. As redes sociais, como o Twitter e o Facebook, são grandes propagadores de mensagens curtas e rápidas, facilmente assimiláveis em curtos espaços de tempo.
Assim, diversas pesquisas surgiram e, com elas, os resultados não muito agradáveis: estamos perdendo nossa capacidade de concentração e de realizar longas leituras. A diversidade de informações ocorrendo ao mesmo tempo não nos permite mais realizar, por exemplo, a leitura de um longo artigo de maneira interrupta, com seu conteúdo completamente compreendido e assimilado. Não, o ato de ler acaba sendo interrompido por um email ou mensagem instantânea recebidos, ou simplesmente não há paciência ou tempo para que a leitura na íntegra seja concluída.
Surge, dessa maneira, o movimento Slow Reading, cujo objetivo é justamente o de incentivar a leitura lenta, detalhada, pacientemente e, assim, realmente aproveitá-la, a ponto de absorvê-la de uma maneira que não mais ocorre nos dias atuais. Outra característica do movimento é a da busca da compreensão da mensagem transmitida pelo autor. É fato que, quando o assunto é a comunicação, diversas interpretações são possibilitadas, visto que esse é um viés da própria linguagem, podendo ser compreendida conforme a experiência e a intenção de cada um. Uma mesma frase pode conter diversos sentidos, e o Slow Reading, segundo Lancelot R. Fletcher, o primeiro autor contemporâneo a popularizar o termo, busca a compreensão da criatividade do autor durante a leitura, ao invés de dar asas à criatividade do leitor.
Um movimento análogo a esse é o Slow Food, contrário ao Fast Food, cujo objetivo é um maior aproveitamento das refeições, saboreando-as mais e trazendo de volta o prazer de se alimentar, ofuscado, atualmente, pelas refeições rápidas incorporadas, também, pelo menor tempo disponível devido ao estilo de vida vigente nos dias atuais. Em minha opinião, tanto o Slow Food quanto o Slow Reading tem um objetivo em comum: resgatar o prazer do ato e buscar um maior aproveitamento de cada um, focando na qualidade e não na quantidade.
Como tudo na vida, acredito que a chave seja o equilíbrio. Tanto é importante realizar leituras dinâmicas e aprendermos a conviver com um estilo de vida que prega a agilidade em tudo quanto é imprescindível não nos esquecermos de apreciar a vida, de um modo geral, bem como tudo o que fizermos nela. Enquanto a correria e a realização de mil tarefas nos proporcionam, em geral, um maior conforto material e satisfação profissional, são exatamente as pequenas coisas, mais calmamente apreciadas, que nos trazem a felicidade, o prazer e o relaxamento após uma incessante maratona contra o tempo.
Textos de referência:
Oi Mi! Também acho que tudo tem que ter um equilíbrio, mas não posso deixar de concordar com os adeptos do Slow Reading, pelo fato de que a maior parte das pessoas hoje em dia estão sendo levadas a encarar um texto um pouco mais longo, ou mesmo a leitura de um livro mais complexo, de modo tão superficial, que de certa forma acaba tornando-se algo preocupante!
Ainda mais alarmante é quando a questão é encarada em âmbito nacional. Além de existir um número exorbitante de analfabetos no Brasil, dentre os que são considerados alfabetizados há uma grande quantidade de “analfabetos funcionais”, que conseguem na teoria ler um texto, mas que não assimilam o seu significado!
Acho que muitas pessoas não tem mais o hábito de dedicar o mínimo de atenção a um texto um pouco mais longo e isso pode ser facilmente encontrado até mesmo em nossa blogosfera literária, onde é possível notar várias pessoas que comentam numa postagem, sem ao menos ter lido o texto contido nela, muitas vezes apenas passando os olhos por cima!
Para que a leitura dinâmica seja desenvolvida, acho que o indivíduo primeiro de tudo tem que ter passado por uma longa fase do slow reading – que geralmente acontece na infância, mas nem sempre – para com a prática, acostumar-se a assimilar textos mais complexos com mais facilidade! Você tocou num ponto essencial da questão, o que mais importa é a intenção, o interesse! Deve-se estimular a leitura como algo bom e prazeroso, o que infelizmente é pouco propagado, levando a compreensão errônea de que quanto mais rápido e mais ágil você for, mais qualificado estará para exercer as suas funções! Agora vou parar, já falei demais hehehe! (eu me empolgo fácil, sorry) ^^
Beijos!!