Eu desejo. E acho que você também deseja.
Esta obra discute limites para o desejo, usando uma linguagem de ficção científica, que parece mais fácil para apresentar um tema tão espinhoso.
Segue um trecho do livro:
(…)
Entrevistador: Você pode falar outro dia, se quiser.
Deisi: Mas aí eu vou enrolar. Melhor eu falar agora (pausa). A Esfera mostrou coisas que eu penso e que eu sinto, mas que eu tenho vergonha de falar. Minhas raivas enormes, o desejo de namorar, a inveja que eu tenho das meninas bonitas, as masturbações que me acalmam… Tanta coisa!
Entrevistador: Olha só. Amanhã a gente pode continuar…
Deisi: Às vezes, eu quero matar a minha mãe, que eu sempre achei culpada de eu ter nascido cega. O ódio que eu tenho do meu pai, que foi tão covarde, fugiu da gente…
Entrevistador: Entendo. Que tal continuarmos amanhã?
Deisi: A raiva nos dias que eu durmo com fome. O ódio quando me chamam de ceguinha magrela feia preta macaca. A humilhação na escola, na rua, em qualquer lugar. Eu vi tudo isso. Por que ela me mostrou tudo isso?
Entrevistador: Deisi, hoje vamos parar. Pode ir dormir. Se quiser falar com a psicóloga, eu posso chamar. Quer um calmante?
(…)
Espero que você tenha uma ótima leitura e que faça novas perguntas.
Enfim, peço que você considere que minha narrativa está distorcida pelo meu modo de pensar e de sentir.
Pois eu ainda não sei usar uma Esfera.